A Senhora da Tundra, de Paola Giometti, é um livro que mescla narrativa épica escandinava com artes visuais.
Combinar artes visuais com um enredo profundo e intrigante pode ser feito de várias maneiras através do entretenimento. O mais comum seria o expectador assistir à um filme ou jogar algum game de modo que seja conduzido por esses elementos. Mas A Senhora da Tundra não é filme nem mesmo um game, mas sim uma obra épica ilustrada que enche os olhos até dos leitores que não costumam se aventurar a ler histórias medievais.
A trama se passa em um mundo que compartilha muitas características comuns com outras terras de fantasia, mas que possui o diferencial de inserir o leitor num cotidiano onde o folclore e a mitologia nórdica são uma realidade. O livro apresenta como personagem principal Jarnsaxa (ou Saxa) uma guerreira nórdica draugr que quando criança foi submetida à travessia para o mundo draugr, além de tornar-se a filha bastarda do rei. Saxa foi treinada para se tornar a general do exército mais temido de todos os tempos, o Exército Drakkariano, cujo todos os invernos realiza campanhas de espólios entre as vilas de Real Vholtor, bem como na captura de mundanos – como se referem aos humanos para abastecer o rebanho que alimentará os draugar ao longo dos extensos verões polares, abrigados em Mørkheim, as terras enevoadas onde o sol é barrado pelos colossais fiordes. Mas Saxa irá se rebelar contra o próprio rei e ela será rebaixada perante os draugar, tornando-se uma renegada fugitiva. A maior parte do livro conta a sua procura por um mundano especial que poderia ajudá-la a se vingar do Reinado Draugar, bem como como ela conquistou aliados: que vão desde os camponeses, guerreiros vikings, até os álfar druidas que fazem referência ao povo élfico e os anões nibelungos do folclore nórdico.
A Senhora da Tundra é uma experiência pessoal e para os que gostam de alimentar a sua natureza exploradora, vai ter a chance de se deparar com paisagens escandinavas inspiradas nas exploracões da autora pelas montanhas norueguesas durante os verões que duram 3 meses – com o sol raiando em plena madrugada -, até os invernos tempestuosos sob completa escuridão sem ao menos haver a luz do dia por meses. O livro também pode ser ao mesmo tempo sombrio e poético, sanguinário e heróico. É acertado para aqueles que gostam de personagens épicos como os do RPG, e não é para menos, já que antes de ser um livro, Paola havia desenhado toda a trama para ser jogada em tabuleiro com sua irmã e seu melhor amigo, aos 14 anos, numa Aventura de mundo aberto.
Devido isso, o livro também pode proporcionar a alguns leitores esse sentimento do tal “mundo aberto”, em que a personagem se lança a esse universo como quem procura explorar santuários abandonados por uma era onde o cultuar às deidades nórdicas não é mais permitida.
O livro também conta com uma narrativa clássica medieval, porém, o que o faz um especial e um verdadeiro exemplar de imersão narrativo é o fato de Saxa ter que se reinserir no mundo dos mundanos, construir suas novas características psicológicas com a colaboração dos habitantes de Real Vholtor, além dessa imensão ser valorizada pelas ilustracões, especialmente por terem sido feitas por 4 perspectivas de diferentes artistas, desde a ambientacão sombria de paisagens da taiga, além da construcão de personagens críveis que perambulam esse universo darkfolk.
A Senhora da Tundra tem o lançamento previsto para o segundo semestre de 2021 em Português e em Espanhol.
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