O Galdrabók é conhecido por ser um livro destinado à magia galdr, característica por seu estilo metódico e que faz uso de runas e cânticos, recursos naturais como sangue, pedra, madeira e leite para a invocação aos deuses e cumprimento de magias executadas para um devido fim. Os primeiros galdar registrados foram homens relacionados com a igreja católica como bispos e padres pagãos convertidos ao cristianismo.
Muitos destes livros foram encontrados em sótãos de casas e mantidos por geracões escondidos ou ainda atualizados e escritos por uma geração de galdar. A Biblioteca da Islândia mantêm sob seus cuidados os principais Galdrabók encontrados e manuscritos que tratam deste tipo de magia que nasceu após o cristianismo se instaurar na Islândia.
Sabe-se que ao longo dos anos a magia dos galdar teve influência Judaico-cristã. Os demônios da mitologia hebraica estão presentes nos Galdrabók, como por exemplo Belzebu e Satan, e que juntos a Jesus, Odin e Thor, eles estariam em Valhalla. Um exemplo disso é a magia 43 do Galdrabók, onde o galdr pede juda à Freya, Frigg, Tor, Odin, Satan, Belzebu, Senhor Deus. Na interpretação dos galdar, deus nunca será tão bom e um demônio nunca será tão mal, pois aparentemente existe uma dualidade nos seres e também as formas de interpretação e julgamento por parte dos seres humanos também pode ser diferente.
Na magia dos galdar, através das runas pode-se escrever coisas ocultas e que não poderiam ser entendidas por outros caso fossem desenhadas, ou como por exemplo, se usado o Quadrado Sator com inscricões rúnicas seria possível criar assinaturas de palavras das quais poderiam ser usadas em magia.
Uma das formas mais comuns dos galdar fazerem magia era através do uso dos chamados Stafir (plural) ou Stafur (singular): nome denominado aos sticks ou galhos utilizados nos desenhos rúnicos. Eles tinham um propósito talismânico e divinatório. Os símbolos também podiam ser esculpidos em rochas, mas também desenhados em couro ou papel.
Na magia galdr existem 3 tipos de símbolos rúnicos: Os Bandrúnir: que são runas ligadas por combinacões; os Galdrastafir: que são runas ligadas e estilizadas pelo galdr e a Galdramyndir: que são símbolos mágicos abstratos que não se parecem com runas.
Segundo Flowers, os magos da Islândia não costumavam criar magias para que uma entidade os protegesse ou os poupasse – eles estavam mais preocupados com as acões humanas, além de não “rezarem” ao deus que fizesse o trabalho por ele, mas sim que o ajudasse enquanto ele fazia o seu trabalho.
Para tanto o galdr fazia uso de sinais mágicos, palavras ditas, escritas e substâncias naturais (que podiam ser usados sozinho ou em combinação uns cons os outros). Um galdr geralmente riscava um símbolo e usava a voz para ativar esse símbolo, muitas vezes invocando entidades.
Fonte: Stephen E. Flowers, Icelandic Magic. 2016
Paola Giometti
22 de março de 2022 - 23:14 ·É muito bom conhecer o desconhecido
Luiz
16 de julho de 2022 - 22:30 ·Demais o artigo, parabéns, Paola! A minha dúvida é como funcionava as crenças deles. Havia um Deus superior, que representasse a não-dualidade? Ou todo Deus era plural e dual?