Frescurento Mimimi à Capitão Cloroquina: a nova edição de PRESIDENT EVIL

Inspirado nas frases do Presidente Bolsonaro durante a pandemia do Coronavírus, o jogo traz crítica e conscientização

São Paulo – 2021 – A dura realidade da luta contra o Coronavírus virou um jogo de mesa gratuito que tem o objetivo de entreter e ao mesmo tempo conscientizar os jogadores sobre a atual e difícil situação mundial. Trata-se de President Evil, um sistema indie de RPG (Role Playing game), desenvolvido pela paulistana Paola Giometti e que acaba de ganhar a segunda edição com novas classes de personagens, itens e mecânicas que envolvem também as variantes do coronavírus.

Morando atualmente na Noruega, Paola é formada em biologia, mestre e doutora na área de ciências pela Universidade Federal de São Paulo pela Escola Paulista de Medicina e autora de inúmeros livros juvenis. Paola também é designer de games pela Massachusetts Institute of Tecnology, pois além de escrever livros, criar protótipos de jogos é um dos seus passatempos preferidos.

As informações contidas no sistema de RPG President Evil foram inspiradas nas frases negacionistas ditas pelo presidente do Brasil e por contribuintes do cenário pandêmico atual. Agora você pode jogar com novas classes de personagens como Frescurento(a) mimimi, que  não sai de casa há 1 ano, sobreviveu à depressão e tem boas qualidades de sobrevivência; Capitão(ã) Cloroquina, que prefere morrer a assumir que Cloroquina não funciona contra covid-19, mas que adora o sabor da Tubaína nos comprimidos; Terraplanista, que pensa que se a terra fosse redonda, a quarentena funcionaria; Viciado(a) em Kit Covid, que quando se medica se sente invencível; Enfermeiro(a) das Trevas,que foi em cana por finjir aplicar vacina, mas ao iniciar a partida, tem uma vacina vencida no jaleco; Policial Tocador de Gado, quenão aguenta ver aglomeração e sai tocando todos para casa; Holístico(a) Messias,  que acha que nasceu para curar as pessoas, diz que Deus tem um plano com o Covid e que está tudo acontecendo da maneira certa; Anti-Vacina, que caso tome a vacina contra covid vai virar um animal à escolha do mestre; além de muitas outras.

 “Apesar da inspiração nas falas do presidente brasileiro, quero deixar claro  que não sou adepta a nenhum partido político”, esclarece Paola. “Não apoio nem a direita e nem a esquerda. Eu apoio empatia, bom senso e que cada um cumpra a sua parte nesse processo. Que médicos e cientistas continuem a cumprir o dever deles, que e o presidente cumpra o seu papel, e se ele não sabe fazer isso, que tenha a boa vontade de no mínimo aprender o caminho com os países subdesenvolvidos e desenvolvidos que estão fazendo um bom trabalho.”

O nome do jogo foi escolhido pelas redes sociais da autora e é um trocadilho com a franquia de mídia Resident Evil, da videogames Capcom, que foi criada por Shinji Mikami como uma série de jogos de survival horror. O jogo atingiu cerca de 300 downloads em 24 horas e atualmente conta com 30.000 mil downloads.

De acordo com Paola, a ideia de fazer o jogo não foi planejada e sim uma forma de reagir a ataques sofridos nas redes sociais. “Eu havia feito um post aos amigos do Brasil mostrando o que as grandes mídias internacionais comentavam sobre as frases bizarras do presidente brasileiro e fui atacada e ofendida por muita gente. Para responder aos ataques eu usei uma dose de humor sarcástico com regras de RPG para criar o jogo,” explica a autora.

O objetivo do jogo é manter a imunidade, pois a cada três turnos os jogadores serão expostos a agentes infecciosos e deverão lutar para manter a imunidade acima da metade. Se durante a rolagem de dados, o jogador tirar 2x o número 1, significa que ele foi exposto ao coronavírus. Mas caso caia 3x o número 1 em uma rolagem de dados, você contrairá uma variante do vírus e ainda terá penalidades maiores. Caso o personagem esteja com a imunidade baixa, ele apresentará os conhecidos sintomas e poderá morrer. O jogo possibilita também aos jogadores interagirem entre si, para ajudarem uns aos outros ou não, respeitando a quarentena, caso contrário todos ficarão contaminados e quem tiver comorbidade e for idoso tem uma chance maior de morrer. O jogo retrata a realidade de uma pandemia, mas em um cenário caótico, onde um álcool em gel custa 100 reais e um medicamento duvidoso que pode salvar ou matar alguém custa 400 reais e poucos têm 600 reais para gastar. A nova edição também inclui Vacina com Ship que, se aplicada, o personagem pode ter a mente controlada.

President Evil também ganhou sua versão Americana, com as famosas e ofensivas frases do presidente Donald Trump. Nessa versão em língua inglesa, Paola criou classes de personagens bizarras como a Addicted do Lysol, onde os personagens são viciados em Desinfetantes Lysol e UV Guy, onde os personagens carregam lâmpada UV e ao fazer uso dela perdem muita imunidade – já que o UV mata os microorganismos nas superfícies e também causa danos ao DNA.

Segundo Paola, para muitos, os perigos do coronavírus ainda é pura fantasia da mídia e uma histeria coletiva. Talvez alguns joguem o seu jogo com um olhar de real sobrevivência e outros com olhar de quem joga Resident Evil. “Amensagem que quero passar com o President Evil é que se formos egoístas e não mudarmos de atitude rápido, se continuarmos não assumindo nossos erros para sermos capazes de corrigí-los, vamos continuar perdendo amigos e parentes.”, afirma.

President Evil é recomendado jogar com 2 a 6 participantes, com idade a partir de 14 anos, já que pode conter cenas de violência. Paola sugere que também pode ser adaptado por mestres para que seja mais brando para se jogar com crianças a partir de 11 anos. Para jogar você vai precisar de lápis, borracha, folha de papel, alguns dados e baixar o jogo por aqui:

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