Ásatrú: Os Ritos Germânicos aos Ancestrais

Manter os ancestrais enterrados próximos a nós pode ser uma maneira de não nos sentirmos tão distantes dele. Ao contrário do que acontece nas grandes cidades, e dependendo da religião, é muito possível que as pessoas se afastem de sua ancestralidade, ou por simplesmente temer os fantasmas, ou por abominarem os espíritos. Na minha concepção isso é muito triste, pois, quando podemos nos conectar a um ancestral o qual gostamos, isso nos tornará mais próximos deles. E era isso o que os antigos povos germânicos e os nórdicos também faziam.

Pesquisas mais recentem apontam que os ancestrais masculinos também podiam muitas vezes ser identificados como álfar (elfos), fazendo par com as dísir, as mulheres anciãs de um ætt (tribo) (Turville-Petre 1964; Ellis, 1968). E assim como as nornir, estas dísir podiam tecer os destinos dos recém-nascidos de cada tribo.

Diz-se que os altares dedicados aos ancestrais continham coisas que pudessem ligar os falecidos com as pessoas que estivessem os cultuando. É possível manter nos dias atuais fotos que contam a árvore genealógica, cartas que contem histórias da família, de modo que se fortaleça esse elo familiar. Outra forma de se fortalecer esse elo é seguir uma tradição familiar, como uma receita, preservar memórias escritas e ouvir as músicas que eles gostavam.

É possível criar um tipo de periodicidade onde você pode cultuar seus ancestrais os chamando pelo nome, anotar o discurso que pode ser feito, use a chama de uma vela para manter seus olhos fixos e relaxados, cante alguma coisa para eles, toque uma música, chame-os pelos apelidos, cheire o perfume que usavam.

Um exemplo do que poderia ser dito: (Nomes)… Vocês estão aqui entre nós e vamos nos lembrar de vocês com honra em nossos santuários e corações, pois jamais esqueceremos de vocês. Protejam a nossa família e nos ajude a prosperar. (desenvolvido com base no Ættarbók de Sonne Heljarskinn)

Mas e quanto àqueles ancestrais que não foram boas pessoas ou que não tivemos boas lembranças? Estes são chamados de Vargar (lobos). Os que eram colocados nesta posicão era poque eram muito problemáticas. Estes geralmente eram excluídos da tribo. Apesar de não excluí-los da minha história ou árvore genealógica, eu simplesmente não os cultuo.

Além do culto a estes ancestrais era muito comum haver o culto aos espíritos de um local, também conhecidos como landvættir, mas que podem ter diversos nomes em diferentes países. Estes espíritos poderiam estar ligados a um rio, a uma montanha, árvore, pedra, casa, e eram responsáveis por cuidar destes locais, sendo muitas vezes “agradados” com oferendas.

Conhecer a história de onde você vive é uma forma de descobrir sobre os Landvættir, e tornar-se um aliado deles, fazendo oferendas, cuidando do espaço onde eles habitam. Cantar e tocar um instrumento podem ser maneiras de atrair a atenção dos Landvættir.

Uma das formas de se fortalecer o laço familiar é sentar-se como nossos ancestrais faziam: ao redor do fogo, conversar, beber um café, chá ou se alimentar. Esse é um modo de continuar mantendo o círculo com seus familiares.

Referência: Sonne Heljarskinn, Ættarbók: O Culto Doméstico para Além da Ásatrú.

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